segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Os intocáveis - 2012




Philippe resolve chamar Driss para um mês de treinamento já que ele é o único dentre os candidatos que não o olha de forma diferente. Mas essa escolha em nenhum momento se torna o centro da trama. O importante ali não é o tetraplégico do qual todos têm pena, mas a amizade entre dois homens com origens e concepções totalmente diferentes, e como essa cumplicidade acaba se tornando prazerosa e necessária para os dois.

O filme é baseado em uma história real sobre a relação entre um milionário tetraplégico e o seu enfermeiro. No Brasil, dois livros serão lançados junto ao filme: O segundo suspiro, que inspirou o filme, escrito pelo próprio Phillippe Pozzo di Borgo, e Você mudou a minha vida, versão da história do enfermeiro argelino Abdel Sellou. No Brasil, depois da excelente repercussão no Festival Varilux de Cinema Francês em agosto, o filme estreia em 110 salas, esperando repetir o sucesso que teve na França. E deve repetir.

domingo, 10 de junho de 2012

Por amor às cidades - Jacques Le Goff


"A forma de uma cidade muda mais depressa, lamentavelmente, que o coração de um mortal"
Baudelaire


Na idade Média poucos moravam na cidade, a função política da cidade atual é bem maior do que naquela época. Neste livro, Le Goff estabelece uma série de paralelos entre as cidades contemporâneas e as medievais, concentrando-se na Paris medieval e na de hoje. Os assuntos enfocam quatro grandes temas - inovação, segurança, poder e beleza.



domingo, 18 de março de 2012

Livro: O tempo entre costuras

María Dueñas, escritora espalhola, estreou com O Tempo entre Costuras. O livro é a história de Sira Quiroga, uma jovem modista empurrada pelo destino para um arriscado compromisso; sem aviso, os pespontos e alinhavos do seu ofício convertem-se na fachada para missões obscuras que a enleiam num mundo de glamour e paixões, riqueza e miséria mas também de vitórias e derrotas, de conspirações históricas e políticas, de espiãs.

Um romance de ritmo imparável, costurado de encontros e desencontros, que nos transporta, em descrições fiéis, pelos cenários de uma Madrid pró-Alemanha, dos enclaves de Tânger e Tetuán e de uma Lisboa cosmopolita repleta de oportunistas e refugiados sem rumo.




quinta-feira, 15 de março de 2012

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

100 anos da Biblioteconomia no Brasil


Há cem anos, a Biblioteca Nacional do Brasil criava o primeiro curso de Biblioteconomia da América Latina, o terceiro em todo o mundo. Ao longo de um século, professores renomados como Cecília Meireles, Afrânio Coutinho e Sérgio Buarque de Hollanda abrilhantaram o curso que forneceu as bases para os conhecimentos da profissão. Ainda hoje, a BN é referência em inovações e tecnologias do setor, em especial sobre temas como preservação e digitalização de acervos. Esta semana, o presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Galeno Amorim, participou de sessão solene no XXIV Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação - CBBD, em Alagoas, Maceió, junto do reitor da UNIRIO, instituição que há 42 anos assumiu o curso originado na BN, para celebrar os 100 anos da Biblioteconomia no país.


fonte: Boletim da BN. n. 198


Iluminuras.....




Livro de Horas

Meia noite em Paris


Woody Allen sempre surpreende,desde que o personagem principal saltou da tela do filme em "A rosa púrpura do Cairo" (1985) o inesperado e o imaginário fez-se presente em sua obra, nos últimos anos. Agora, em "Meia-noite em Paris" mais um filme que encanta e homenageia a cidade luz, homenageia a cidade, os artistas, sejam eles, franceses, americanos, espanhóis que também se encantaram com a cidade e que a escolheram.

domingo, 17 de julho de 2011

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Fonte da Vida (2006)


O filme trata-se basicamente de um romance, com duas histórias, uma real, e outra imaginária. E se passa em três diferentes épocas, em 1500, 2000 e 2500. Em 2000, Tom é um médico, que pesquisa a cura para o câncer, e se depara com uma árvore anciã da América Central, que parece possuir efeitos que cancelam o envelhecimento, podendo inclusive rejuvenescer. Izzy, sua esposa tem câncer, escreve um livro, que conta a história da busca da árvore da vida pela Espanha. Ocorre que Izzy morre sem completar o livro, e antes de morrer, pede para que Tom o termine. Aqui, o espectador tem que começar pensar um pouco e ler as entrelinhas do filme para o entender.


Com a morte de Izzy, o médico fica extremamente frustrado, e continua a pesquisar a árvore anciã, afim de tornar as pessoas imortais. Em uma viagem para a Guatemala, ele tira um dos frutos dessa árvore e planta onde sua esposa está enterrada, e ali cresce uma árvore, e que como Izzy havia dito a ele, ela estava viva dentro daquela árvore. Essa árvore possuía os mesmos efeitos rejuvenescedores que a da Guatemala, e Tom se manteve vivo durante 500 anos se alimentando com um pedaço dessa arvore. Depois de 500 anos, ele descobre um meio de ir para Shibalba, onde Izzy renasceria e eles poderiam ficar juntos novamente. Durante esses 500 anos, Tom não foi capaz de terminar o livro de Izzy, e constantemente tinha visões de sua esposa pedindo para que ele o terminasse.

Quando estavam quase chegando a Shibalba, árvore, e Izzy, morrem novamente, e mais uma vez ele vê a imagem de sua esposa pedindo para que ele termine o livro. Então ele percebe que a vida eterna não pode existir, e ele apenas poderá ficar para sempre com Izzy se ele também morrer. Nesse momento ocorre o que para mim é a uma das melhores cenas que eu já vi em um filme… ele olha para ela e diz “eu vou morrer” e ambos sorriem… Então ele termina o livro dela, de modo a mostrar que a vida eterna não existe, e nesse momento, ele coloca de volta a aliança que achou anos depois de Izzy morrer, ele não havia a colocado desde então por causa da história do livr, onde a rainha pediu para o conquistador que apenas colocasse a aliança quando ele achasse a vida eterna, era o que ele pretendia fazer, apenas a colocaria de volta qdo trouxesse Izzy de volta a vida, mas como então percebeu que o único modo de ele conseguir viver para sempre ao lado de Izzy era apenas morrendo, ele percebe que finalmente encontrou a vida eterna, e coloca a aliança no dedo.

O filme termina, com a morte de ambos, no ano 2500.

sábado, 25 de junho de 2011

Ervas Daninhas – Alain Resnais - 2009

Filme com final surpreendente, ou diria finais?

Bom, brinca com todo o tipo de clichê do cinema francês, a descontrução do romance.... Conta a forma acidental com que Marguerite (Sabine Azéma), uma dentista de cabelos vermelhos que nas horas vagas é piloto de avião e Georges (André Dussollier), um homem misterioso que encontra a carteira que roubam de Marguerite
vai comprar sapatos, assim os ligando por uma mera casualidade.

Aclamado no festival de Cannes em 2009. Vale a pena ver os trailles, em que um comediante entrevista pessoas que participaram do filme. Simplesmente hilário! O filme é leve e nem parece que foi filmado por um diretor que tem mais de 60 anos de carreira.


terça-feira, 24 de maio de 2011

Encontros e Despedidas - Milton Nascimento & Fernando Brant

Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço
Venha me apertar
Tô chegando
Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero

Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar

E assim, chegar e partir
São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida

domingo, 8 de maio de 2011

Seminário de Gestão de Documentos - 18 a 20 de maio

Inscrições: 10 e 11 de maio pelo site www.pbh.gov.br/cultura/arquivo.

O evento terá transmissão ao vivo pelo site do ConectaBH: http://conectabh.pbh.gov.br


Facebook - A rede social

Confesso que somente agora assiste ao filme Facebook, que até concorreu ao Oscar. O filme conta a história de Mark Zuckerberg, diretor-executivo e cofundador do site Facebook, é baseada no livro do jornalista Ben Mezrich, The Acidental Billionaires e não teve o apoio da rede de relacionamentos. É um retrato crítico da geração 2.0 que descobriu que, ao chegar a idade adulta, descobre que interação humana não é necessária para haver interatividade.

Mark ao levar o fora de uma namorada a difama na rede interna de Havard e cria um site de comparação das garotas da Faculdade. A partir daí, obtém sucesso e é procurado para fazer um novo site de relacionamentos, rouba a idéia, cria o The Facebook, passa a perna no amigo Eduardo e depois vão todos brigar nos tribunais.

O filme intercala momentos presentes e as cenas nos tribunais com diálogos rápidos e um trilha sonora tensa. Gera um bom resultado para refletirmos sobre esta nova situação das redes,
interatividade, desta nova geração nascida da Internet.

domingo, 1 de maio de 2011

O Labirinto do Fauno


Um dos filmes mais tristes que assisti. Deixo uma análise junguiana do Blog Saindo da Matrix.



O feitiço do tempo

"O primeiro passo é o mais importante"

Comédia americana despretensiosa, de 1993. Nela, um repórter, interpretado por Bill Murray, acorda no mesmo dia em uma pequena cidade americana, no Dia da Marmota, o mais odiado por ele. E assim a cada dia, ele tira vantagens por saber o que acontece, se revolta, vai se desesperando por acordar todo dia no mesmo dia. Se mata, de todas as formas possíveis, mas nada acontece, acorda novamente no mesmo dia. Como se nada tivesse acontecido.

Acredito que vivemos este "feitiço do tempo" e somente nossas mudanças de atitudes em relação à vida e às pessoas que fará a nossa roda da vida girar novamente. E é exatamente isto que o personagem central faz. Em sua reforma íntima ele muda de um ser mal-humorado para um sujeito querido por todos, e até passa a ser visto com outros olhos pela mulher que ama.


sexta-feira, 11 de março de 2011

O Discurso do Rei

O cinema já retratou a vida de duas rainhas, Vitória e Elizabeth II, agora foi a vez do pai da atual rainha da Inglaterra, o rei George VI. Nunca pensou que fosse assumir o trono, pois era o segundo na linha de sucessão, mas é o que acaba acontecendo, após a abdicação do irmão, que havia se tornado rei recentemente com a morte do pai.

Antes não fosse só isso... O principal problema era que ele era gago. Como incentivar uma nação às vésperas da Segunda Grande Guerra, sem uma voz! O rádio era utilizado pelos monarcas para transmitir mensagens à nação. O filme ganhador do Oscar 2011, merecido, pois já quando ouvi falar deste filme, sabia que seria uma boa pedida.

Após passar por vários médicos, sem sucesso, sua esposa, Elizabeth o leva até o "terapeuta da fala", Lionel que ao tratá-lo de igual para igual, o ajuda tanto na fala quanto no temperamento, pois atua como psicólogo e acaba tornando-se seu amigo, amizade esta que durou por 26 anos, até a morte do Rei em 1952. Lionel faleceu dois anos depois. O filme se inspirou nos diários do Lionel que registrou o encontro e amizade dos dois e os seus métodos para ajudar ao Rei.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O convite



"Não me importa saber como você ganha a vida.
Quero saber o que mais deseja e se ousa sonhar em
satisfazer seus anseios do seu coração.

Não me interessa saber sua idade.
Quero saber se você correria o risco de parecer tolo por amor,
pelo seu sonho, pela aventura de estar vivo.

Não me interessa saber que planetas estão em quadratura com sua lua.
O que eu quero saber é se você já foi até o fundo de sua própria tristeza,
se as traições da vida o enriqueceram
ou se você se retraiu e se fechou, com medo de mais dor.
Quero saber se você consegue conviver com a dor,
a minha ou a sua, sem tentar escondê-la, disfarçá-la ou remediá-la.

Quero saber se você é capaz de conviver com a alegria,
a minha ou a sua, de dançar com total abandono
e deixar o êxtase penetrar até a ponta dos seus dedos,
sem nos advertir que sejamos cuidadosos, que sejamos realistas,
que nos lembremos das limitações da condição humana.

Não me interessa se a história que você me conta é verdadeira.
Quero saber se é capaz de desapontar o outro para se manter fiel a si mesmo.
Se é capaz de suportar uma acusação de traição e não trair sua própria alma,
ou ser infiel e, mesmo assim, ser digno de confiança.

Quero saber se você é capaz de enxergar a beleza no dia-a-dia,
ainda que ela não seja bonita,
e fazer dela a fonte da sua vida.

Quero saber se você consegue viver com o fracasso, o seu e o meu,
e ainda assim pôr-se de pé na beira do lago
e gritar para o reflexo prateado da lua cheia: "Sim!"

Não me interessa saber onde você mora ou quanto dinheiro tem.
Quero saber se, após uma noite de tristeza e desespero,
exausto e ferido até os ossos, é capaz de fazer o que precisa ser feito
para alimentar seus filhos.

Não me interessa quem você conhece ou como chegou até aqui.
Quero saber se vai permanecer no centro do fogo comigo sem recuar.

Não me interessa onde, o que ou com quem estudou.
Quero saber o que o sustenta, no seu íntimo, quando tudo mais desmorona.

Quero saber se é capaz de ficar só consigo mesmo e se
nos momentos vazios realmente gosta da sua companhia."

(Oriah Mountain Dreamer, em O Convite)

sábado, 12 de fevereiro de 2011

O som do coração

Um dos mais belos e delicados filmes que assisti. Como o poder da música pode reunir pessoas. A estória é sobre um garoto que quer reencontrar seus pais, pois vive em um orfanato. Ele compreende que somente através da música ele os reencontrará e aí que a estória fica interessante.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

23 Histórias de um viajante - Marina Colasanti


Ah, Marina Colasanti é sempre benvinda! Desde da infância quando me chegou de presente "12 reias e a moça no labirinto do vento" Inesquecível! Uma das minhas autoras favoritas que me cativou na infância com seus contos de fadas, na adolescência com seus livros sobre a mulher e na fase adulta com seus ensaios, poemas, crônicas e continua a escrever contos fantásticos.

Terminei de ler as "23 histórias de um viajante" e me surpreendeu que ela ainda escreve e encanta. Um viajante chega um reino de um rei recluso e passa a contar as histórias do que viu e viveu no mundo além dos altos muros do castelo. O rei se permite transpor os muros e conhecer outros lugares na companhia do contador de histórias.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Se - Rudyard Kipling

Se és capaz de manter tua calma, quando,
todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa.
De crer em ti quando estão todos duvidando,
e para esses no entanto achar uma desculpa.

Se és capaz de esperar sem te desesperares,
ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
e não parecer bom demais, nem pretensioso.

Se és capaz de pensar – sem que a isso só te atires,
de sonhar – sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires,
tratar da mesma forma a esses dois impostores.

Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas,
em armadilhas as verdades que disseste
E as coisas, por que deste a vida estraçalhadas,
e refazê-las com o bem pouco que te reste.

Se és capaz de arriscar numa única parada,
tudo quanto ganhaste em toda a tua vida.
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
resignado, tornar ao ponto de partida.

De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
a dar seja o que for que neles ainda existe.
E a persistir assim quando, exausto, contudo,
resta a vontade em ti, que ainda te ordena: Persiste!

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes,
e, entre reis, não perder a naturalidade.
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
se a todos podes ser de alguma utilidade.

Se és capaz de dar, segundo por segundo,
ao minuto fatal todo valor e brilho.
Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo,
e – o que ainda é muito mais – és um Homem, meu filho!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Perfume de Livro Antigo



Adoro livros antigos, mas mesmo sendo bibliófila cheiro de livro antigo não me atrai tanto, e também sou muito alérgica. Mas.... para os que apreciam este aroma... agora ele pode ser encontrado em frascos:

http://www.cbihateperfume.com/in-the-library.html

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Aforismos


"Liberdade na vida é ter um amor para se prender"
__Carpinejar

Mulher Perdigueira

Li de um fôlego só. Se ficaram curiosos, não sou uma mulher perdigueira, apesar do autor sonhar com uma, o que acho que seria o pesadelo de qualquer homem e relação. O livro é forte, maduro, passional, pois aborda assuntos ligados a relacionamentos, filhos, família.


Crônica: Fabrício Carpinejar* escreve sobre "Mulher Perdigueira", seu novo livro


Brigamos quando não desejamos brigar. Existe paz e amor. Não existe paz no amor. John Lennon errou a equação.

Por isso, decidi que agora vou planejar uma briga com a namorada. Agendar uma briga. Arrumar uma data mensal para o inferno dos berros, choro e insultos. É o dia da ofensa no lugar das pequenas e irritantes DRs.

Em vez de avisar que pretendemos nos acalmar e ajudar, que somente pretendíamos conversar na boa, assumiremos que é uma guerra desde a primeira palavra. Dará no mesmo ao querer e não querer discutir.

Não será fácil, vamos rir dispersivos no início, haverá a inclinação para comentar algo do trabalho ou cafungar o pescoço, sentiremos fome, dependeremos de concentração e orelhas fervendo. Mas vale o sacrifício, trata-se de uma catarse necessária para empobrecer os recalques.

Prefiro uma mulher que me ofenda tudo num dia do que uma mulher que me ofenda um pouco por dia. É melhor. Mais sadio. Menos insano.

Desde que os casais aceitem uma regra básica: não vale colher insultos durante o entrevero para cobrar depois.

Pode falar as maiores perversidades e mentiras nos 90 minutos do confronto, incluindo intervalo e troca de lado na cama (gritaria que não dura um jogo de futebol indica o fim do amor). Pode juntar suspeitas avulsas, perguntas ancestrais e rumores antigos. É uma promoção: só nome feio e ofensa de baixo calão. Até xingar a mãe é permitido.

A única exigência é respeitar o território da hostilidade, fazer um círculo de giz no espaço e no tempo e permanecer naquela roda. Nada sai do contexto. Não vale embrulhar salgados e impropérios para a manhã seguinte. Deve-se comer somente na festa da raiva. No instante da cólera. Com sangue quente.

O grande problema dos atritos domésticos é que o insulto de uma briga passa a ser transportado para a seguinte e para a seguinte. No fim das contas, a batalha é uma só que nunca terminou. Uma gripe mal-curada que gera a vontade de cuspir na próxima gripe.

Caso reunirmos uma noite para limpar o pulmão, cansaríamos de tossir e bufar. E o suspiro reencontraria a brisa e pediria para andar de mãos dadas com o beijo.

Feito esse passo, agora é o momento de lavar a honra do ciúme.

Pior do que ciúme é a falta de ciúme. A indiferença é uma doença muito mais grave. Alguém que não está aí para o que faz ou não faz, para onde vai e quando volta. De solidão, chega a do ventre que durou nove meses.

Tão cansativa essa mania de ser impessoal no relacionamento, de ser controlado, de procurar terapia para conter a loucura. Loucura é não poder exercer a loucura.

Permita que sua companhia seja temperamental, intensa, passional. As consequências são generosas. Ela suplicará o esquecimento com mimos, sexo e delicadeza. O perdão é sempre mais veemente do que o rancor.

Repare que no início do namoro todos são descolados, independentes, autônomos. Aceitam ménage à trois, swing e Chatroulette. Não caia, é disfarce, medo puro de desagradar.

Se minha namorada arde de desconfiança, agradeço. Surgirá a certeza de que se importa comigo.

A vontade é abraçá-la com orgulho e reconhecimento, como um aniversário secreto. Às vezes ela cumpre seu ciúme, às vezes ela satisfaz um capricho e atende minha expectativa de ciúme. O importante é que não falha.

Com uma mulher ciumenta ao lado nunca estaremos isolados, nunca estaremos tristes, nunca estaremos feios. Deixo que ela mexa em meu Orkut, deixo que ela leia meus e-mails e chamadas no celular, deixo que ela cheire as minhas camisas, deixo que ela veja meus canhotos e confira os cartões de crédito (com sua revisão, nem dependo de contador, é improvável um engano nas faturas).

Facilitarei o acesso às máquinas, devidamente abertas e ligadas em cima da mesa, e tomarei banho para não incomodar. No jantar, esclarecerei qualquer dúvida.

Perigoso é não responder e deixar a namorada imaginar. Entre a realidade e sua fantasia, mil vezes contar o desnecessário. Estarei em lucro. Não faço nem metade do que ela pressentiu.

*
Escritor, jornalista e professor universitário, autor de dezesseis livros, pai de dois filhos, um ouvinte declarado da chuva, um leitor apaixonado do sol. Quando conseguir se definir, deixará de ser poeta. Autor de Canalha! e ganhador do prêmio Jabuti em 2009.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Alguns livros que li


As regras: não demore muito para pensar sobre isso. Quinze livros que você leu e que vão sempre estar com você. Liste os primeiros quinze que você lembra em não mais do que quinze minutos. Eles não têm que estar em ordem de importância. (brincadeira do Facebook)

Puxei muitos da memória, vamos ver como ficou:


1. Olhai os lírios do campo - Érico Veríssimo

2. O tempo e o vento - Érico Veríssimo

3. Sidarta - Hesse

4. Grande sertão veredas - Guimarães Rosa

5. A nova mulher - Marina Colasanti

6. Fragatas para terras distantes - Marina Colasanti

7. Claro Enigma - Carlos Drummond de Andrade

8. O Aleph - Jorge Luis Borges

9. Que presente te dar - Affonso Romano de Sant'Anna

10. Orgulho e Preconceito - Jane Austen

11. A Tempestade - Shakespeare

12. Fábulas Italianas - Ítalo Calvino

13. Ora Bolas - Mário Quintana

14. Médico de Homens e de Almas - Caldwell

15. História da leitura - Alberto Manguel

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Budapeste - Chico Buarque


Terminei de ler Budapeste, do grande compositor Chico Buarque. O livro é de 2003, virou até filme, e só agora o li, e sempre o quis fazê-lo. Assisti outro dia também, O Escritor Fantasma, de Polankski, bom o que este filme tem haver com o livro... Bom ambos tratam sobre "Ghost Whriter", que nada mais é do que um escritor fantasma, que é contratado para escrever livros para serem assinados por outras pessoas. O do filme é contratado e se vê em uma trama política, pois foi contratado para escrever a biografia de um político e acaba se envolvendo demais em querer ver as entrelinhas da verdadeira estória que está sendo registrada no seu livro. Já o do livro, tem sua vida toda desestruturada quando "foi dar em Budapeste" para participar de um encontro de escritores anônimos que se vangloriam de ler trechos de obras que escreveram para os outros. A vida do nosso Ghost whriter vira de cabeça para baixo com as suas idas e vinda de Budapeste, seu casamento dá um nó, o sócio da empresa o passa para trás dentre outros acontecimentos bizarros. Só digo uma coisa, prefiro Chico compositor..... Ah que saudade!
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