Debate travado via e-mail pelo chileno Roberto Bolaño (morto aos 50 anos em 2003) e Ricardo Piglia, um dos maiores nomes da literatura argentina contemporânea:
1) Constance Garnett, mãe de David Garnett (amigo de Virgínia Woolf e escritor dito "menor" de Bloomsbury), passou a vida traduzindo os escritores russos para o inglês. Ou seja, foi através dela (uma velhinha vitoriana e feminista, ao mesmo tempo) que intelectuais do porte de Hemingway, conheceram os admiráveis Tchekhov, Dostoiévski e Tolstói;
2) A admiração por Julio Torri, belíssimo escritor de textos curtos, um ícone da literatura mexicana. A partir daí descobri a bela tradução de Ronald Polito para o seu "Almanaque das horas e outros escritos" (desde já um objeto de desejo...);
3) Também a descoberta da correspondência de Eric Satie (compositor francês) que, segundo Piglia, nunca abria as cartas que recebia, mas respondia todas. Olhava o nome do remetente e em seguida lhe escrevia uma resposta. As cartas lacradas foram encontradas e agora publicadas junto com as respostas. Nas palavras de Piglia: "a correspondência é fantástica, porque todos falam de coisas diferentes, e essa, claro, é a essência do diálogo".
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