terça-feira, 15 de julho de 2008

O Nascimento do prazer - Clarice Lispector

O prazer nascendo dói tanto no peito que se prefere sentir a habituada dor ao insólito prazer. A alegria verdadeira não tem explicação possível, não tem a possibilidade de ser compreendida - e se parece com o início de uma perdição irrecuperável. Esse fundir-se total é insuportavelmente bom - como se a morte fosse o nosso bem maior e final, só que não é a morte, é a vida incomensurável que chega a se parecer com a grandeza da morte. Deve-se deixar-se inundar pela alegria aos poucos - pois é a vida nascendo. E quem não tiver força, que antes cubra cada nervo com uma película protetora, com uma película de morte para poder tolerar a vida. Essa película pode consistir em qualquer ato formal protetor, em qualquer silêncio ou em várias palavras sem sentido.
Pois o prazer não é de se brincar com ele.
Ele e nós.

Um comentário:

Anônimo disse...

kkkkkk, o ar da graça, então vamos lá!
Obrigado pela visita e ótima escolha - Clarice Lispector, muito boa nao consigo largar esta mulher, tento, realmente ela é uma grande escritora!
abraço.
Bruno.

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